terça-feira, 31 de agosto de 2010

Búzios - Vitória



Vitória!!! Esse nome tem tudo a ver!!! Alegria por estarmos aqui. Bom, a travessia a partir de Búzios foi legal, saímos de lá no início da tarde, ventinho fraco, motorando. O dia prosseguiu sem novidades, apenas os cuidados normais. A rota incluía a passagem por Campos, local com plataformas de petróleo e grande trânsito de embarcações, o que significava vigilância constante, especialmente à noite, afinal os navios se movem muito rapidamente comparado com os veleiros, uma velocidade aproximadamente cinco vezes maior.  Durante a noite rolou uma pizza a bordo, comprada já pronta em Búzios, que caiu muito bem naquela noite fria. Na manha seguinte um café reforçado no cockpit para manter o bom astral. Como continuávamos no motor pois o vento estava muito fraco resolvi deixar as outras  pizzas para o outro dia, e fazer uma carne-seca, para servir como molho em um macarrão. Deixei a carne de molho durante a tarde e, quando começou a escurecer, iniciei o prato. Temperei a carne com alho e cebola e, quando a água da outra panela já estava começando a ferver, pronta para receber o macarrão,  ouvi no radio de bordo “ Atenção  Flotilha do Cruzeiro Costa Leste! Acabamos de cruzar com um rebocador puxando uma balsa e, entre eles, um cabo bem longo! Cuidado!” Seguiu-se  uma troca de informações entre os veleiros e o rebocador, cujo nome era Assanhado, com todos querendo saber  a  posição do mesmo. Quando disseram as coordenadas fui ao rádio pedir confirmação para anotar. Informaram também que o rebocador e a balsa estavam um pouco abaixo da rota que seguíamos. Pedi a nossa posição para a turma do leme,  que estava com nosso GPS com as cartas náuticas, fui conferir a posição e... CARACAAAAAAA!!! O rebocador estava na nossa área !!! Subi como uma bala e ficamos quatro pares atentos de olhos procurando ao redor . Como  a noite era de lua a visibilidade ajudava, vimos algumas luzes em pontos distintos e (felizmente) bem distantes. Quarenta aflitivos minutos depois concluímos que as luzes que se distanciavam eram o rebocador/balsa. Que susto! Soubemos depois que a posição passada pelo rádio era a de cinco minutos antes da comunicação o que acabou gerando toda a confusão. Como já tinha apagado o fogo acabei desistindo de preparar o macarrão, optando por colocar a carne-seca dentro de pedaços de pão sírio. A Tânia sugeriu uma fatia de queijo para completar e... voilá... estava criada uma nova receita “Pão sírio com carne-seca à rebocador Assanhado”.
                A chegada em Vitória estava prevista para a manhã do dia seguinte, porém como o mar estava bem liso e seguimos de motor o tempo todo, de madrugada já avistávamos as luzes da cidade. Diminuímos a velocidade, ficamos só na vela, enrolando, mas ainda faltavam umas boas duas horas para o amanhecer. Junto conosco havia mais uns três veleiros que também estavam bem devagar, porém, bem ao longe, dava pra ver uma luzinha de outro veleiro. Resolvi ir também e acelerei bem o motor, seguindo bem em cima da rota, pois havia algumas ilhas baixas no trecho. Mas os waypoints feitos pelo Ivan, do Taai Fung, fruto de outras viagens ao Nordeste estavam perfeitos. Quase chegando atravessamos um canal de passagem de navios e um deles estava saindo. Ele vinha com baixa velocidade, passamos pela sua popa e tudo bem. Continuamos e, pouco depois, às 04h30min jogamos âncora na parte externa do Iate Clube de Vitória. De manhã, ao descermos, a Tânia conversou com o encarregado e ele acabou conseguindo uma vaga no píer do Clube. O Leônidas conseguiu via internet uma passagem de volta para Brasília na hora do almoço. Valeu cara.
                O Iate Clube de Vitória montou, como de hábito, uma tremenda programação, que incluía música ao vivo todas as noites, de gêneros diferentes, além de um kit com informações completas sobre a cidade. Na segunda noite rolou a já tradicional paella gigante acompanhada de um tremendo samba, pura raiz. Eu e a Tânia não resistimos e saímos dançando. Logo um grupo de argentinos e um italiano se juntaram a nós, só faltaram mesmo os brasileiros, eheheheheheh...
                A Tânia ligou para a madrinha dela, que mora em Vitória mas, pena, ele estava viajando, em Natal, vai ficar para a volta. Ainda bem que o Bira, primo da Tânia, veio nos visitar e almoçou conosco.
                Acabou rolando um passeio dos veleiros até a Ilha de Pacotes. O trecho foi o mesmo da regata que se realiza todo ano da Soamar, em 2008 consegui competir nela. Esse ano como quando o cruzeiro chegou ela já havia sido realizada fizemos só o passeio, Como o Alphorria estava no cais e esperando a revisão acabei não indo nele. O Sergio nos convidou para irmos no Travessura, o que topamos. Foi bem legal, o vento estava ótimo e aproveitei para dar uma tocada de leme, já antecipando a subida para o Caribe, que provavelmente faremos com eles.
                Apesar de todos os meus esforços não consegui fazer a revisão de 50 horas do motor. Por incrível que pareça, em Vitória só tem revendas da Yanmar, a assistência técnica é bem restrita e terceirizada, as peças tem de ser compradas em outro estado e enviadas por Sedex. Consegui colocar outra tampa de inspeção no tanque de diesel, que facilitou a visualização do nível, sem necessidade de desaparafusar nada. A Tânia deu uma lavada caprichada no Alphorria, que estava precisado, pois a poeira cinza do porto de Tubarão, levada pelo vento, não dá trégua aos veleiros.
                                Aproveitamos os dias para fazer caminhadas no calçadão, comer no Triângulo das Bermudas, enfim, curtir a cidade. No domingo rolou uma tremenda festa junina no Iate, com comidas típicas, música ao vivo, quadrilha e tudo que se tinha direito. Essa estada vai deixar saudades...
O próximo trecho será para Abrolhos, mas isso vai ficar para o próximo post, eheheheheheeh...   



5 comentários:

  1. Achei o blog! Até que foi fácil com a ajuda do nosso amigo Google! Já está nos "preferidos" e vou ficar acompanhando a viagem! Divirtam-se muito!!!

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  2. Salve Maurício!
    Estou esperando a descrição das travessias Vitória - Salvador e Salvador - Recife, onde você está agora.
    Felicidades na Refeno.
    Bons ventos e estrelas à Barlavento!

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  3. Maurício
    Espero que estejam em águas quentes , mesmo longe das metas de competição. Tentei seu celular mas creio que o Alphorria está navegando.Li o blog e gostei de ver tres gerações na água.Bons ventos.
    JG

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  4. Maurício,
    conte mais!
    Estamos de olho!
    Abraço

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